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Memória de Santarém: Briga em Belterra

Lúcio Flávio Pinto - 27/04/2024

Belterra foi construída no modelo de uma pequena cidade do EUA. - Créditos: Acervo/Telma Pereira Lopes



Belarmino Paiva foi um dos primeiros imigrantes nordestinos que se destacaram em sua atividade agrícola nas colônias, instaladas no planalto santareno, e depois incursionaram pela atividade política. Ele chegou a se eleger vereador, na década de 1960. Mas em 1952 era apenas agricultor, quando foi a Belém reclamar ao então governador Zacharias de Assumpção, de estar sofrendo perseguição por parte do administrador das plantações de Fordlândia e Belterra.

 

 

 


Admissão dos auxiliares rurais após a assinatura de concessão de terras, ocorrida no dia 04 de Maio de 1934 / https://belterradotapajos.blogspot.com
 

 

 

Sete anos antes, elas foram transferidas pela multinacional americana Ford. Reconhecendo o fracasso do seu projeto para a produção de borracha na região, a maior empresa do mundo na época devolveu todas as ssuas propriedades na regiãao ao governo brasileiro, passando para a jurisdição do Ministério da Agricultura. Recebeu 50 milhões de dólares pelo acervo, em valor da época (aproximadamente 260 milhões de reais de hoje).

 

 

 


Casa 1, construída para receber o idealizador do projeto e proprietário da Ford Motor Company, Henry Ford. Mas ele nunca veio ao Brasil. Getúlio Vargas, em sua visita a Belterra, ficou hospedado por dois dias na casa. /  https://telminhahistoriadora.blogspot.com/
 

 

 

Em entrevista dada ao jornal Folha do Norte, de Belém, Belarmino disse que a primeira causa da perseguição era política. O mineiro Manoel Garcia Paiva, o administrador de Belterra, fora “um dos primeiros propugnadores” da candidatura de Magalhães Barata ao governo do Estado “nos domínios do Instituto Agronômico do Norte”, atual Embrapa. Por isso, não gostava dos integrantes da Coligação Democrática Paraense, que, como Belarmino, ajudaram a derrotar Barata na ele ição de 1950 e Assumpção a vencer.


 

Em segundo lugar, o administrador dos plantios era um parasita, que não produzia nada e ainda “leva a vida a derrubar seringueiras”, quando devia fazer exatamente o contrário. Já Belarmino, além de ajudar outros colonos, inclusive dando-lhes comida, tinha em sua propriedade “30 mil pés de café, quase mil pés de pimenta do reino, um canavial e engenho, frutas em geral e, ainda, a agricultura, dentro de suas possibilidades”. Não possuía seringueira.

 

 

 

A perseguição se materializava, ainda segundo o acusador, na proibição que o administrador lhe impusera de extrair madeira dentro das terras de Fordlândia e Belterra, enquanto outras pessoas continuavam nesse serviço sem qualquer problema, retirando madeira “em grandes quantidades”.

 

 

 


Os funcionários admitidos tinham a carteira profissional assinada e recebiam placas de identificação.
 

 

 

Belarmino decidiu pedir ajuda ao governador, mas se não conseguisse uma solução iria partir para a “luta aberta”. Por não temer adversários, por mais fortes que fossem. Se teve fibra para enfrentar o poderoso Barata, achava que não lhe faltaria disposição para terçar armas com o administrador das antigas possessões de Henry Ford.

 

 

 

 

 

 

 

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